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  • Foto do escritorDaniela Pereira

Harry Potter: a magia e a importância para a literatura mundial

Atualizado: 28 de ago. de 2019


Cena de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (2001). Warner Bros. Pictures.

Hoje, 31 de julho, é o aniversário de Harry Potter e de J.K. Rowling. Para os fãs, é um dia de nostalgia. Foi o dia em que Hagrid surgiu, deu o bolo amassado que ele mesmo fez para Harry e depois apresentou o garoto ao mundo dos bruxos.


"Não é todo dia que um rapazinho faz onze anos, não é?"

1. Nostalgia


Quem me conheceu entre os anos de 2002 e 2016, soube que eu sempre fui doida por Harry Potter. Meu primeiro contato foi quando o primeiro filme saiu em fita VHS (em pleno 2002, minha gente). Meu pai teve que ir na locadora várias vezes para "renovar" a fita porque eu não parava de assistir e não queria devolver. Tudo era Harry Potter. E como era bom quando tudo era Harry Potter. Às vezes, eu queria voltar no tempo e ter novamente a sensação de assistir a cada filme pela primeira vez. Sempre foi algo incrível.


No natal de 2002, no meu aniversário, ganhei o livro de A Pedra Filosofal como presente de uma amiga da minha mãe. Foi a melhor coisa do mundo. Eu devo ter lido esse livro em uma semana. Era muito bom embarcar naquelas aventuras com o Golden Trio, Harry, Rony e Hermione. No Natal de 2003, ganhei A Câmara Secreta de uma outra amiga da minha mãe.


Confesso que só fui ler O Prisioneiro de Azkaban no fim de 2009. Infelizmente, os livros eram muito caros. Felizmente, comprei, logo em seguida, O Cálice de Fogo e A Ordem da Fênix em um sebo (eu deveria ter pensado nisso antes...). Em 2010, comprei O Enigma do Príncipe e, em 2011, ganhei As Relíquias da Morte de meu queridíssimo amigo Frank.


Harry Potter ensina muitas coisas sobre amizade, lealdade, coragem, além da luta por um bem maior... Querendo ou não, acompanhar essa história ajuda a moldar o caráter. Foi muito importante crescer me inspirando nesses personagens. Por ser muito curiosa, sempre me inspirei em Hermione, a amiga superinteligente, companheira e que, convenhamos, salvou Harry e Rony bem mais vezes do que eles a salvaram.


Na vida, amizade é importante. Amizades duradouras, as temporárias, as virtuais... As pessoas vão e vêm, mas os momentos sempre ficam. É muito bom saber que Harry Potter me rendeu amizades maravilhosas. Vale a menção à dona da Garbez Comunicação, Daniela Garbez. Nos conhecemos por causa do nosso amor por Harry Potter, viramos amigas e, hoje em dia, somos parceiras de trabalho. Obrigada por tudo!


Cena de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (2001). Warner Bros. Pictures.

2. O fenômeno


O sucesso de vendas de Harry Potter em todo o mundo é inegável: foi traduzido para mais de 70 idiomas.


Já ouviram falar sobre a "dor de cabeça Hogwarts"? Os leitores assíduos de Harry Potter liam páginas e mais páginas por dia, sem parar. O porquê disso? Identificação.


No texto mais recente do blog, expliquei como a Literatura é importante, pois nos faz refletir. Harry Potter faz isso conosco. Acompanhamos a história de um menino órfão, que vive com seus tios e primo medíocres, que mais se aproveitam do que cuidam dele. Aos onze anos, descobre que é um bruxo e embarca para o mundo mágico e descobre mais sobre si e sobre seus pais; "o menino que sobreviveu".


Infelizmente, não temos dragões, testrálios, elfos e outras criaturas mágicas andando pela nossa calçada. Essa "escapatória" para um mundo fantástico ativa nossa imaginação e queremos cada vez mais. Era impossível não se submeter ao sacrifício da "dor de cabeça Hogwarts".


A adaptação cinematográfica também impulsionou a venda dos livros, pois, como sabemos, os roteiristas precisam adaptar a história em prosa para as telonas de forma coerente (e concisa).


3. Harry "Tiago" Potter


Lia Wyler foi a tradutora responsável pelos sete volumes da saga para o português brasileiro. Sabiam que a tradução de Harry Potter feita por ela é considerada uma das melhores do mundo?


Há quem reclame que foi "adaptado" demais e que "Harry James Potter" deveria ter sido mantido, e não ter sido traduzido para "Harry Tiago Potter" (ora, "Tiago" é o nome correspondente de "James" na Bíblia, assim como "João" de "John" e "Josué" de "Joshua". Por que não traduzir?).


É muito importante pensarmos em quem vai ler aquele texto ou aquela tradução (público-alvo). Harry Potter é um livro de literatura infantojuvenil, para crianças e adolescentes. Ao longo dos sete livros, o vocabulário e o tom do texto mudam para acompanhar o crescimento do personagem (e de seus leitores).


Assim como J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis, J. K. Rowling se atentou à etimologia e aos neologismos (palavras que não existem) criados para o seu mundo fantástico, desde o nome de personagens e criaturas a poções e feitiços. Lia Wyler tomou muito cuidado na tradução desses neologismos, pois, se pensarmos numa criança brasileira tentando entender uma palavra que não existe, imagina só tentar entender se for um neologismo em inglês inserido num texto em português. E se "Ravenclaw", uma das casas de Hogwarts — que tem a ideia de "garra de corvo", já que o símbolo é de um corvo —, não tivesse sido traduzido para "Corvinal"? Uma criança, que não sabe inglês, não conseguiria ler os neologismos e talvez não tivesse vontade de ler todas aquelas desconhecidas. Ainda bem que Lia Wyler pensou nessa fluência e fez adaptações para o público infantil.


É inegável dizer que o fenômeno mundial Harry Potter e a ótima (e cuidadosa) tradução de Lia Wyler impulsionaram a leitura no Brasil nos últimos 20 anos. Podemos também dizer que grandes fenômenos literários mundiais também inspiram leitores brasileiros a virarem escritores e criarem seus próprios mundos.



3. Inspiração e representatividade


Toda geração precisa de Harry, Rony e Hermione; Pedro, Edmundo, Lúcia, Suzana, Eustáquio, Jill (As Crônicas de Nárnia); Katniss (Jogos Vorazes); Beatrice (Divergente), Percy, Annabeth, Nico (Percy Jackson), Frodo e Bilbo (O Senhor dos Anéis/O Hobbit). Aqui, são citados personagens de Literatura Estrangeira, mas também podemos nos inspirar nos personagens da Literatura Infantojuvenil Brasileira, como Alberto, no famoso Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida, da Série Vaga-Lume, adaptado cinematograficamente em 2016. Toda geração precisa de personagens com os quais possa se identificar.


Hoje em dia, mais do que nunca, precisamos de representatividade (como a Hermione adulta representada pela atriz Noma Dumezweni na peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada!) para os mais diversos tipos de pessoas, pois o mundo muda e a Literatura acompanha essas mudanças. Há livros e personagens que não são tão bem-vistos hoje em dia. Logo, fica aqui o apelo para que os autores se atentem aos personagens em suas obras, que pensem para quem estão escrevendo e quem seus personagens possam vir a inspirar.


Hermiones: Noma Dumezweni e Emma Watson (2016).

E há quem diga que não se deve misturar Harry Potter e política. Ora, por que não?


Dobby, o elfo livre. Cena de "Harry Potter e a Câmara Secreta" (2002). Warner Bros. Pictures.

Em Harry Potter e o Cálice de Fogo, Hermione criou o F.A.L.E., Fundo de Apoio à Liberação dos Elfos (no inglês, SPEW, Society for the Promotion of Elfish Welfare), pois achava injusto o tratamento dos elfos e queria fazer algo para mudar essa situação. Também podemos citar a Armada de Dumbledore, criada por Harry, Rony e Hermione a partir da antiga Ordem da Fênix, em que os alunos se uniam e se preparavam para se defender do Mal iminente. Vale também a menção de que se a moda das "Partes 1 e 2" existisse na época, A Ordem da Fênix, meu livro preferido da saga, poderia ter sido melhor adaptado, pois esse livro é bastante político (ainda bem!).


Ordem da Fênix e Armada de Dumbledore. Cenas de "Harry Potter e a Ordem da Fênix" (2007). Warner Bros. Pictures.

Harry Potter é uma grande parte de mim, pois me rendeu muitos momentos felizes. Hoje em dia, meu Harry Potter é a saga Millennium, de Stieg Larsson, em que os "heróis" são a hacker Lisbeth Salander e o jornalista Mikael Blomkvist.


Cena de "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (2001). Warner Bros. Pictures.

Crescemos e a vida muda, assim como nossos gostos e nossas visões de mundo. Temos muitas inspirações na vida e devemos continuar a buscá-las cada vez mais, seja por meio de leitura, entretenimento... arte em geral. Viva a literatura mundial (e as traduções brasileiras)! E obrigada, Harry, meu amigo.


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