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  • Foto do escritorDaniela Pereira

Quatro dicas para saber como escrever bem

Atualizado: 29 de ago. de 2019


Antes de dar início a este blog, eu sempre ficava com receio não do que escrever, mas de como escrever.


Tentei ler mais sobre a escrita em diferentes áreas. Vale a menção do livro É Possível Facilitar a Leitura – Um Guia para Escrever Claro de Yara Liberato e Lúcia Fulgêncio pela Editora Contexto. Terminei de ler/estudar esse livro há algumas semanas e, mesmo sendo mais voltado para a elaboração de livros didáticos, ele me ajudou bastante a esclarecer algumas coisas, principalmente sobre os cuidados a serem tomados durante a elaboração desse tipo de material.


As autoras afirmam que um texto mal estruturado pode causar dificuldades na leitura. Se considerarmos o foco da elaboração de materiais didáticos, sua estruturação deve ser muito bem pensada em diversos aspectos, pois o aluno precisa aprender com o material e, se o material tiver uma linguagem muito difícil ou confusa, o aprendizado é prejudicado. Vejamos alguns desses aspectos.


1. Conhecimento prévio


Leitura é informação. Logo, esperamos aprender algo novo quando nos deparamos com um texto, seja qual for a área. Porém, se não sabemos nada sobre, por exemplo, distrofia muscular, a palavra “Duchenne” não nos fará sentido algum. Porém, se lermos algum artigo de Medicina sobre os diferentes tipos de doença muscular e nos depararmos com a denominação “distrofia muscular de Duchenne”, esperamos que aquele texto informe quais são as características dessa doença, seja por meio de tópicos ou por meio de uma explicação no meio do texto. O que já sabemos sobre determinado tópico configura conhecimento prévio; quanto mais informações soubermos a respeito daquele texto, mais fácil será a nossa leitura.


Algo muito importante a respeito de conhecimento prévio é a inferência, denominada pelas autoras como o “processo de dedução de informações não explícitas, de acréscimo de dados ao texto e de construção de pontes de sentido”. Portanto, se vamos ler uma resenha sobre um filme que está para estrear, para saber se vale a pena ou não ir ao cinema, esperamos que o autor nos diga — sem revelar muito sobre o enredo — se o filme é empolgante, qual foi o desempenho de determinado ator, se a trilha sonora combina com o filme etc. Logo, ao lermos uma resenha de filme, inferimos sobre as informações contidas nela.


2. Tópico


Quando queremos ler algo, escolhemos um tema, um assunto, um tópico. As autoras afirmam que “para compreender o texto o leitor tem de depreender o tópico de cada sentença, tem de entender o que está sendo dito sobre ele, e tem também de detectar qual é o tópico de todo o texto, isto é, qual é o assunto geral que conecta todas as informações”. Assim, se lemos um texto muito mal estruturado e chegarmos ao fim deste sem entendê-lo, ele não cumpriu o seu propósito (nos informar). Isso pode causar frustração ou um sentimento de “incapacidade” de entreter determinado assunto. Logo, precisamos sempre nos manter no assunto ao escrevermos um texto para guiarmos o nosso leitor e não deixá-lo “perdido”.


3. Escrita rebuscada e público-alvo


Todos nós já nos deparamos com um texto muito rebuscado, em que o autor utiliza várias palavras “difíceis” e, se conseguirmos chegar ao fim do texto, pouco teremos aprendido com ele. Como afirmam as autoras, “algumas vezes os autores utilizam esse recurso para impressionar o leitor incauto e esconder na incompreensibilidade do texto a sua falta de conteúdo”. Assim, “usam a língua não para transmitir uma informação, mas para confundir e impressionar”.


Vamos pensar: qual a finalidade de um texto pouco claro, com palavras inadequadas para aquele contexto e que “muito fala, mas pouco diz”? Nenhuma, certo? Se pensarmos em textos acadêmicos, quantos deles são incompreensíveis para alunos que estão iniciando o ensino superior? Quantos alunos se interessaram por determinado assunto, mas não chegaram ao fim do texto por não terem entendido “bulhufas”? Atenção ao que as autoras afirmam abaixo:

“O uso proposital de vocabulário pouco claro, vago, impreciso, inconsistente, raro ou obscuro é usado como forma de intimidar o leitor e de torná-lo pouco crítico. Se não se compreende o que o autor quis dizer, também não se pode discutir, criticar ou duvidar de suas ideias. Um texto assim construído cria no leitor uma falsa impressão de elegância e erudição. [...] O efeito no leitor é de paralisação crítica, e de admiração e respeito por um texto que parece incluir uma complexidade de raciocínio e dizer coisas que estão além da sua capacidade de compreensão.”

Assim, devemos nos atentar à linguagem que usamos: quanto mais simples, melhor. Para que escrever um texto que o seu leitor não irá entender? Além disso, precisamos pensar na faixa etária, no tipo de leitor para quem estamos escrevemos e adequá-lo para que o nosso texto seja acessível, e não “erudito” para ser “bonito” e não compreendido.


4. Organização das ideias


Há uma grande discussão no livro sobre a organização de tópicos (assuntos) no texto. Se lemos um texto procurando por informações e já temos uma mínima noção sobre o assunto, esperamos que o autor nos guie, ordenadamente, para que haja acréscimo de conhecimento: “antes de ser lançado o tópico do texto, é apresentado primeiramente um trecho introdutório que faz apelo ao conhecimento que o leitor já possui, de forma a guiar o seu raciocínio e ancorar o assunto do texto nas informações já conhecidas”.


Utilizando um exemplo do livro, retirado de um material didático de ciências do ensino fundamental, os termos que vêm no final ajudam o aluno a aprender o termo, que não necessariamente precisa vir no início do período, mas precisa estar bem organizado para que o aluno, no caso, entenda o que está sendo explicado e os termos novos a serem aprendidos.


Em suma, escrever é bem mais do que utilizar os verbos e adjetivos corretos: é pensar no que se escreve, para quem se escreve e como se escreve. Quanto mais simples e objetivo o seu texto for, melhor será para o seu leitor, pois, novamente, leitura é informação.

 

Fonte: LIBERATO, Y.; FULGÊNCIO, L. É possível facilitar a leitura: um guia para escrever claro. São Paulo: Contexto, 2007. 176 p.

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